José Manuel Pinto de Araújo
Quis o destino que em 2008 alguns de nós, no Núcleo de Urgezes, conhecessem o Araújo, embora alguns já o
conhecessem para a grande maioria era um perfeito desconhecido… foi nas primeiras reuniões que antecederam a
fundação do nosso Núcleo e desde logo vimos alguém de ideias vincadas, de poucas palavras, mais observador, mas
que desde logo deixou claro não estava para andar por aí de farda de escuteiro com aquela idade.
Acreditamos que quando disse isso, ele queria apenas dizer que só uns meses mais tarde estaria preparado
para usar essa farda com a qual hoje se despede de nós, farda que tantas vezes envergou e que tantas vezes defendeu
o seu uso com responsabilidade.
Aqueles que tiveram a sorte de se cruzar com o Araújo sabem a pessoa amiga e disponível que sempre foi,
mas aqueles que como nós tiveram a sorte de trilhar o caminho da vida junto dele, devemos sempre lembra-lo com
uma expressão característica só dele, de três palavras apenas, mas que não direi porque duas das quais acho que não
devem soar muito bem aqui na igreja….
Falar do Araújo é falar de um homem com H muito grande, um Homem Bom, Amigo, presente, comprometido
com aquilo que acreditava, com uma habilidade fora do normal e adepto do fazer bem e não apenas fazer….
Resmungão, muito resmungão, mas sincero e sem favores, quase sempre assertivo, e talvez por isso deixará
um vazio difícil de preencher.
Integrou as direções do nosso Núcleo em quatro dos seis mandatos desde a fundação, assumindo o cargo de
Presidente e a liderança entre 2011 e 2014, sendo dele grandes iniciativas como a campanha de troca de livros, auxilio
de muitas famílias, num tempo em que a reutilização de livros nem sempre era bem aceite por professores, e muito
antes de os manuais escolares serem fornecidos gratuitamente como nos dias de hoje.
Foi o primeiro responsável pelo departamento de ambiente da Região de Braga da FNA, com grande orgulho
e dedicação como sempre, e foi um dos grandes impulsionadores da Atividade Nacional Ambiental “Natureza Comum”
que anualmente se realiza no Gerês
E se falamos do Araújo e em FNA temos de referir a sala Santo Estevão, que muito se deve à sua crença e
persistência e na qual deixa uma marca muito própria enquanto grande impulsionador e obreiro.
Com ele tivemos o gosto de organizar um acampamento de Núcleo, numa fase difícil para o Núcleo de Urgezes
em que o Tomás se agarrava a vida como podia, e para o qual criamos o lema “UMA FAMÍLIA DE FAMÍLIAS”, que
ainda hoje adotamos para a nossa família FNA em Urgezes, em que cada pessoa das nossas famílias é sempre parte
integrante deste Núcleo, e por isso mesmo sentimos que a Fernanda, a Sofia e a Mafalda continuarão a fazer parte
desta família, com a certeza que também elas continuarão a olhar para nós como essa mesma família.
Chegou a hora em que o nosso Chefe Supremo sentiu a sua falta junto dele, e assim vemo-lo partir para onde
encontrará outros membros da nossa família, o Tomás, o Delfim, o Teixeira e também o Pe Joaquim, entre outros
amigos. E se com os que já tinham partido para o eterno acampamento o sossego já não devia ser muito, agora com o
Araújo de certeza que todos esboçamos um sorrido ao pensar como será….
Mas por hoje e por estes dias o sorriso desaparece… Estamos todos aqui, para lhe dizer que para além da
morte, continuaremos com o mesmo sentimento de amizade, e que seremos fiéis à mensagem de vida que ele sempre
nos transmitiu.
Honrados mas também com grande tristeza queremos em nome de toda a família escutista homenagear a sua
memória. Sabemos que continua vivo nos espíritos e nos corações de todas aquelas e todos aqueles que
verdadeiramente gostam dele.
Que descanse como viveu: sempre em paz e no amor dos seus, e de Deus. OBRIGADO