O Natal da fraternidade
Temos no Natal um dos momentos mais belos do ano, da vida familiar e também
social... Uma época em que mesmo os não crentes conseguem sentir esta celebração
cristã fascinante, sentindo o seu encanto especial.
Uma época que a todos trás recordações de ternura e desperta a atenção para
os valores humanos fundamentais: o dom da vida, a família, a paz e
solidariedade.
Este ano mesmo sobre este sentimento único paira a sombra da pandemia que
nos deixa abatidos, ansiosos, com medo e nos entristece.
Temos assim de viver o Natal de modo diferente, mais simples, mas com o
mesmo sentimento, sempre com a consciência das recomendações sanitárias e adaptando-nos
aos horários compatíveis com o recolher obrigatório que nos foi imposto.
Mesmo assim, o vírus não pode extinguir o amor, a esperança e a
alegria do Natal.
Não nos deixemos cair no esquecimento das nossas celebrações da fé tão características
do Natal.
O momento que vivemos deve assim tornar-se num apelo a recuperar o verdeiro
espírito de Natal, na sua autenticidade e no seu significado, desvalorizando o consumismo
e não tornado o Natal apenas na comemoração de mais um aniversario sobre o
nascimento de Jesus.
Celebremos então a essência do Natal, aproximando-nos e estendendo a mão a
quem precisa, como a boa ação que aprendemos a fazer quando começamos como
lobitos.
Celebremos o Natal com coração, dando-lhe um lugar importante na nossa vida,
acreditando que no meio desta pandemia Deus pega na mão de cada um de nós e nos
ensina o trilho pelo qual devemos caminhar para contribuir e mudar esta
situação, com um verdadeiro sentimento de fé que sempre vamos buscar nos momentos
mais difíceis.
Um dos aspetos mais marcantes do Natal é a fraternidade em Cristo, que revela
que todos somos filhos do mesmo Pai e todos irmãos. Por isso, o Natal cristão
deve ser a celebração do amor fraterno, da família.
Com esta pandemia, aproveitando o tempo que dedicamos às nossas famílias e
aos nossos lares, devemos tentar aumentar em nós a exigência de uma nova
fraternidade, sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma
responsabilidade para com os outros e o mundo.
Nunca como agora fez tanto sentido falar de fraternidade e amizade social
porque todos nos damos conta do quanto necessitamos uns dos outros.
O Papa Francisco chama-nos a viver a fraternidade como uma verdadeira
mística para reconstruir o mundo dividido por muros de toda a espécie; como
escuteiros adultos habituados a viver a nossa mística, devemos assim adotar
essa mística proposta pelo Papa Francisco, vivendo juntos, encontrando-nos,
dando a mão e apoiando-nos mutuamente, formando uma comunidade de irmãos que se
acolhem e se cuidam.
E como diz ainda o Papa Francisco: “Estender a mão é um sinal: um sinal
que evoca imediatamente a proximidade, a solidariedade, o amor. Nestes meses,
em que o mundo inteiro foi dominado por um vírus que trouxe dor e morte,
desconforto e perplexidade, pudemos ver tantas mãos estendidas”!
Vejamos os profissionais de saúde como algumas dessas mãos estendidas, e tornemo-nos
nós também, nas nossas comunidades, nessas mãos que se estendem, como
verdadeiros homens e mulheres incutidos do verdadeiro espírito escutista.
Celebremos então o Natal, mais silencioso, mas com mais sentimento, mais
semelhante ao Natal de Jesus que nasce na solidão, com a estrela de Belém a
mostrar-nos o caminho a seguir. Com mais humildade, sentindo-nos como os
pastores do presépio e os Reis Magos que seguem essa estrela convictos da sua fé.
E este vírus, encaremo-lo como o Rei Herodes, que pretende tirar-nos o
sonho e a esperança, mas como Jesus, acreditemos que descobriremos o caminho
para o “Egipto” e a nossa salvação.
Em nome de todo o Núcleo de Urgezes
Feliz Natal
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